terça-feira, 12 de outubro de 2010

postheadericon Fórum Distrital de Emergência


Decorreu ontem, em Macedo de Cavaleiros, o Primeiro Fórum Distrital de Emergência Médica. Uma iniciativa a cargo da corporação de bombeiros local e do INEM que reuniu médicos, enfermeiros, bombeiros e outros profissionais de forma a partilhar experiências, adquirir e melhorar competências e perceber as necessidades da região ao nível da emergência médica.

Um distrito grande e com vias de comunicação nem sempre nas melhores condições foram os principais obstáculos apontados pelos profissionais de emergência médica neste fórum. Uma situação que tem sido preocupação do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), nomeadamente através da Viatura de Emergência Médica(VMER), disponível em Bragança desde 2006 e do recentemente criado Heliporto em Macedo de Cavaleiros que coloca o Heli 3, um helicóptero mais pequeno que o habitual mas mais rápido, á disposição do distrito. Desde que este serviço foi iniciado, em Abril deste ano, o Heli3 já foi solicitado 157 vezes, das quais 106 foram missões efectuadas pelo helicóptero. Luís Meira, director regional do INEM, realça as vantagens do Heli3.

"A nossa convicção é de que efectivamente temos um meio rápido, muito diferenciado, que em muito pouco tempo consegue colocar uma equipa muito diferenciada, e eu lembro que um médico ou enfermeiro que asseguram o serviço no helicóptero são médicos com experiência no pré-hospitalar e também com experiência na abordagem de doentes críticos. O que quer dizer que, juntando estas competências com o equipamento que o helicóptero tem e asua grande capacidade de rapidamente chegar a muitas zonas, nós temos efectivamente uma melhoria significativa da capacidade de intervenção do distrito."

O facto de ainda não existirem heliportos em todos os concelhos e nem mesmo no Hospital de Santo António, no Porto, para onde são transportados a maioria dos doentes que necessitam do Heli3, pode levar a demoras, nomeadamente no transporte até ao helicóptero e do helicóptero para o hospital. Luís Meira refere que o Hospital de Santo António deve ter essa questão resolvida até ao final do ano e que, no distrito de Bragança existem muitos campos de futebol que podem ser utilizados para a aterragem. O mais importante é garantir uma boa assistência ao doente, na opinião do director.

"Neste momento têm essa prestação de cuidados passados pucos minutos depois do CODU receber essa informação. é sobretudo esta a mais valia. Depois de termos um médio e um enfermeiro com o equipamaemto junto doente, com a capacidade para o estabilizar, para o equilibrar, depois o tempo que se demora até ao hospital já não será tão significativo do ponto de vista quer da mortalidade, quer da morbilidade."

Na opinião de João Venceslau, comandante dos bombeiros de Macedo de Cavaleiros, um dos principais problemas que existe nesta região ao nível da emergência médica é a falta de comunicação, nomeadamente entre a população mais idosa, e o CODU (Centro de orientação de doentes urgentes )

"Vivemos num distrito com população envelhecida que ao ligar 112, ao tentar pedir ajuda, tem alguma dificuldade em responder a todas as perguntas de um protocolo que esta previamente defenido e estabelecido pelo próprio CODU. Nós temos que inverter esta situação porque há muita gente que vai para as urgências hospitalares que muitas vezes precisava de um socorro diferenciado e que não vai nestes meios que nós temos ao dispor porque tem essa tal dificuldade em ligar para o 112. Há aqui um papel muito grande também a nível da cidadania, a nível de educar, sensibilizar e fornecer informação à população."

No distrito com mais casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) do país, deu-se também destaque a esta realidade durante o fórum. A distância continua a ser um entrave à assistência destes casos, explica Jorge Poço, responsável da Unidade de AVC do Centro Hospitalar do Nordeste.

"Um dos grandes problemas que nós temos aqui no distrito é de facto as grandes distâncias. Neste momento, o tratamento designado por fibrinólise deverá ser feito até 3 horas após a instalação dos sintomas. É claro que, se isso acontecer num concelho distante como Freixo de Espada à Cinta, por exemplo, é muito difícil de facto o doente chegar ao hospital, ter que fazer análises e fazer o TAC e estar ainda dentro da janela terapêutica de 3 horas. Isso se calhar é maior entrave para nós, não termos um maior número de fibrinólises, mas penso que isso, pouco a pouco, irá sendo melhorado."

O primeiro fórum de emergência médica do distrito de Bragança superou as expectativas, é uma iniciativa a repetir, segundo o responsável pela secção desportiva dos bombeiros voluntários de Macedo de Cavaleiros e pela organização do evento, Rómulo Pinto .

"Consideramos que um tema actual, de interesse e complexo como o de emergência médica, representaria um desafio significativo para a nossa região."

A organização viu-se obrigada a recusar algumas inscrições de última hora, O limite máximo era de 200 inscritos, tendo atingido os 230.
Foto: BPS
Por: Sara Geraldes
Fonte: Rádio Onda Livre

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